terça-feira, julho 22, 2008

É que isto é tudo verdade

Epá, não há mês que eu não tenha que aqui vir corrigir comportamentos sociais que, não obstante a sua aparente irrelevância, assumem um espectro diabólico no que aos meus nervos concernem. É que ficam em franja, com a breca.
Interessa-me tanto o acordo ortográfico como a própria língua portuguesa e a – conceito tolinho – herança cultural do nosso idioma. Ou, não menos tolinho, o património cultural que, como se sabe, se resume aos pasteis de Belém e às lancheiras azuis da Camping Gaz. Ora, certo e sabido que a hipofaringe (foda-se, o dicionário do Word deu-me como sinónimo de "língua" a palavra “hipofaringe”; eu relutantemente aceitei-a e agora aparece como estando mal escrito; em que é ficamos, ó Word?; são estas coisas que me fazem repudiar a fala lusa) portuguesa tem os dias contados, o que me irrita afinal, ó Frederico?
Ainda bem que o pergunto-me (isto, tendo em conta o parágrafo anterior, faz todo o sentido). Irrita-me o lol. O lol, para quem não sabe, significa laughing out loud. Já agora, quem não sabia é favor abandonar o blog, porque não constitui o nosso público alvo.
Ora o lol é constantemente mal utilizado. E que me lixem o português é uma coisa, que me metam lol’s a martelo em tudo o que é mail, sms e chat de engate, é outra. É claro que o lol, enquanto resposta a qualquer subtil observação espirituosa da minha parte, é perfeitamente admissível, quanto mais não seja porque a contorção abdominal provocada pela gargalhada descontrolada mais não permite que um ténue calcar das teclas “l” e “o”. Isso eu percebo. Agora que me escrevam “já cheguei e vou-te pedindo uma imperial lol” ou “Viva Portugal lol” já é desaforo desmedido. Mas vá, pelo menos pediram-me uma imperial. Agora, o que me calcorreia a espinha como se fosse uma traineira num lamaçal, é o lolol e o loool ou, como certamente desconhecem os autores de tamanhas camelices, o laughing out loud out loud e o laughing out out out loud. O desrespeito pela sigla é, e aqui sai-me o segundo com a breca do texto, uma atrocidade. “Que exagero!”, exclama o leitor como se eu lhe tivesse perguntado alguma coisa. Não é exagero, não. Exagero é rir a bandeiras despregadas (depois querem que com estas expressões a língua portuguesa se aguente…) de constatações engraçaditas, de reparos levemente humorísticos ou de graçolas mais áridas e batidas que um caminho de cabras na planície alentejana. E isso, embora não se note, arrelia-me.
FR

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

E aquela outra, o "LOLÃO". Essa é que também me arrepia...

terça-feira, julho 22, 2008 5:41:00 da tarde  

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