sexta-feira, junho 23, 2006

Este post escreveu-se sozinho

A edição do Público de hoje informava que "um polícia em folga baleou um condutor numa altercação de trânsito no Porto". Resumindo, tudo aconteceu quando num despique no trânsito um dos condutores saiu do carro e atirou um paralelo (um calhau da calçada, presumo) ao outro, não o atingindo. O outro, agente da PSP em dia de folga, sacou da arma de serviço e, pelas costas, meteu três balázios no primeiro agressor e voltou para o carro onde aguardou (!) pela polícia que o desarmou, e por uma ambulância para o coitado que jazia no chão. Uma vez desarmado, a população local decidiu agredir o atirador, nem valendo a este a presença de mais agentes no local. O bófia entretanto já foi presente em tribunal e alegou legítima defesa. É parvo. Se esta situação já se caracteriza como assaz cómica, a reacção dos transeuntes que testemunharam o simpático evento, faria as delícias de um Eça:
"Parecia o faroeste. Dar assim três tiros a alguém que já estava de costas e seguia em direcção ao carro. Que exagero!" - numa palavra: bom-senso (afinal são duas). Ninguém gosta de ver alguém ser alvejado pelas costas. A referência ao "faroeste", expressão que nos levava longe e que analisarei futuramente em conjugação com a expressão "cowboiada", é reveladora de conhecimento histórico e cinematográfico. Porém, esta imagem de sensatez descambou com a declaração seguinte: "Levou foi poucas. Ai era polícia? Olhe, se soubesse, tinha-lhe arreado mais! Ai deram-lhe forte e feio!" - e agora, que pensar? Aquele gajo disparou nas costas de outro. Espere-se que seja desarmado e depois espancamo-lo. Ao estilo cobarde. Mas pelas costas é que é feio. E o episódio nem acaba aqui: o gajo que levou os três balázios foi para o hospital e teve alta no mesmo dia! Nabice do PSP? Arma de merda? Resistência física do atingido? Não sei, mas amanhã compro o Público para ler mais declarações.
FR