Os limites da sofisticação e cosmopolitismo
É um restaurante onde tudo está escuro, os empregados são cegos e nada, mas nada se consegue ver.
O menu escolhe-se antes de entrar na sala e depois os empregados cegos dão-nos o braço para nos levarem até às mesas, que podem ser, para todos os efeitos, uns cepos mal amanhados.
Imaginem entornar vinho neste estabelecimento.
- Acho que entornei para aqui algures não sei o quê?
- Foi a minha água ou o teu vinho?
E já agora, para escolher o vinho, será que o empregado nos mostra o rótulo na garrafa para nos certificarmos da colheita e do ano?
- Posso servir?
- Servir o quê?
- O vinho.
- Sim, com certeza. Mostre-me o rótulo.
- Estou a fazê-lo senhor. Há dois minutos.
- Ah.. Posso acender uma luzinha para ver?
- Não.
- O Isqueiro?
- Lamento não.
Parece-me a mim que se alguém acende uma luz, descobre-se que o sofisticado NoctiVagus é um arraial de nódas nas toalhas e bebidas entornadas, o chão é de terra batida e está repleto de bocados de comida. Cães e gatos comem dos pratos dos clientes que nem sequer se apercebem, os empregados mijam nas paredes, meia dúzia de sem abrigos dormem pelo chão.
Não, provavelmente é tudo muito requintado e está bem decorado. Se estiver é igualmente estúpido, não??
ST
3 Comments:
Pelo menos pode-se comer de boca aberta sem ser alvo de críticas!
Cavaco S.
Finalmente uma vantagem para os feios e mal arranjados.
Dir-vos-ei quando lá for da próxima vez...
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