Ira
“Que exagero!”, exclama V. Exa. que me lê, como se eu tivesse solicitado qualquer opinião.
Pois bem, uma frase como “as declarações do deputado criaram algum mal-estar no seio do grupo parlamentar” – pausa para lavar a cara - suscita-me pensamentos homicidas. Que um gajo almoce um bacalhau com um azeite carrascão que esteve sob o Sol de Serpa durante o mês de Agosto e fique com um certo mal-estar durante a tarde, eu percebo. Que um conjunto de gajos que ganham dinheiro para que tenham uma opinião e a expressem em liberdade fiquem arreliados quando um colega o faz e, no lugar de falarem com o tipo e resolverem a questão nem que seja à pantufada, padecem de mal-estar, ficam amuadinhos e ligam para os jornais para que estes dêem conta da situação ao país, eu não nunca entenderei.
Idêntico sentimento de ódio me suscita o anúncio a uma marca de equipamentos de escritórios que reza “Fluxograma, mais que um escritório, uma assinatura!” Algum gajo imaginou isto, outro escreveu, alguém concordou, gravou e produziu, o cliente aceitou e pagou, alguém mete aquilo na rádio todos os dias, e ninguém se lembrou entretanto de questionar a utilidade de um gajo ir trabalhar todos os dias e, em vez de estar sentado confortavelmente à secretária, está sentado no “x” e à procura de ficheiros no “F”. Elucide-me V. Exa. sobre se este anúncio não foi pensado por alguém com uma imaginação equiparável à do Papa Bento XVI. Morto.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home