quarta-feira, agosto 06, 2003

Coisas que não se entendem...

PORQUÊ que aos fins de semana vai tudo "pós" centros comerciais. Compreendo que existam pessoas que só dispõem daqueles dois dias para fazer as suas compras ou dar as suas voltas e que não tendo outra solução, se vêm obrigados a levar a sua descendência com eles mas o que se vê ultrapassa tudo isso e não tem qualquer justificação possível.
Para começar é espantosa a quantidade de carrinhos de bebé que os tristes progenitores conduzem vazios porque o "raio do puto não se fartava de pedir colo" e assim os pais, deambulam com ar morto-vivo, empurrando aquele veículo pós natal. Tudo aquilo tem um aspecto um pouco macabro.
Existem outros que, julgando-se mais inteligentes, resolvem alugar aqueles ridículos carrinhos de bebé em forma de nave espacial ou carro de corridas em miniatura pensando que, daquele modo, resolvem o problema de transporte das suas crias. Enganam-se redondamente pois passados cinco minutos o puto farta-se do carrinho que custou 500 paus (€ 2.50) à hora e quer o conforto do colo da mamã, mas pior, vão ter de arrastar aquela coisa monstruosa durante mais três horas pelas lojas e corredores já que nem vale a pena falar em entregar o carro porque senão o puto desata num berreiro.
Uma variante deste pesadelo está naqueles mini carrinhos de compras que as grandes superfícies colocam ao dispor dos seus clientes. O administrador que executou esta ideia deve ser um sádico da pior espécie ou então não tem filhos e não faz a mínima ideia do que é um ser humano com menos de 7 anos de idade. Para perceber do que estou a falar, basta ir às compras ao sábado à tarde e aproximar-se de uma dessas belas crianças. Aí irão perceber porquê que não se deve construir e pôr na mão de infantes, objectos feitos de metal com rodas que nos dão pelo joelho! Já para não falar da possibilidade de aumentar o calvário dos paizinhos porque agora estes menores têm um sítio para colocar os seus bens de consumo essenciais: Legos, Action Men, Barbies, jogos para Playstation, Xbox , etc. Que ainda não são comestíveis nem nutritivos. E depois tentem arrancá-los das mãos deles. Seria mais difícil do que arrancar uma caçadeira das mãos do Charlton Heston...
Continuando este relato diabólico, esta gente que resolve passar os seus dias de descanso nestes locais, infelizmente ( para eles ) tem de comer. Aí é o descalabro total. É vê-los, com aquele ar miserável, a olhar para os letreiros luminosos desesperados por arranjar qualquer coisa barata, bem servida, que não suje muito (sim, por causa das crianças..) e principalmente, que seja rápida pois a tortura tem de continuar. O Rúben precisa de uns ténis, o papá de camisas e a mamã de um creme depilatório porque o outro dá-lhe comichão...
Depois de tomada aquela excelente refeição, já todos de barriga cheia, há que fazer outra coisa, xixi... .
Exacto, pelo menos umas duas vezes têm de ir à casa de banho durante este belo dia, papá, mamã e miudagem. E aí deparamo-nos com cenas incríveis. Miúdos que querem "fazer xixi de pé" como o papá e ao tentar, molham-se a si e a todos os que estiverem num raio de 2 metros. E nem vale a pena falar em ir àquelas casas de banho especialmente criadas para crianças porque senão "nunca mais nos despachávamos".
Mas o inferno não é só para os agregados familiares. Estando só, o terror não diminui, é apenas diferente. Vejamos..., só porque estão sozinhos nunca presumam safar-se daquele pesadelo incólumes porque isso será apenas uma ilusão. Basta dar alguns exemplos:
"- Vou lá, levanto dinheiro e venho-me embora." - Nunca pensem isto pois não passará de puro devaneio, já que passada meia hora estão vocês diante de uma caixa multibanco a pensar porquê que queriam dinheiro de início. Porquê ? Porque incrivelmente existem pessoas que pensam que os multibancos só funcionam ao fim de semana e portanto fazem tudo de uma vez criando filas desesperantes e intermináveis de gente. Ele é pagar as contas todas, fazer transferências bancárias, ver o saldo de movimentos, carregar o telemóvel e por fim ainda levantam uns dinheirinhos. E a gente ali...
"-Faço umas compritas e venho-me embora" - Lembrem-se que estão sozinhos, num mundo comercial implacável, sem aliados, contra os carrinhos de bebe, as crianças aos berros, os pais estuporados, as compras do mês, a promoção da semana, a baixa do leite, os saldos das toalhas, enfim...
"- Compro a prenda para a minha namorada!" - Deves..., passado 45 minutos nem se lembram que tinham namorada, quanto mais que lhe deviam uma prenda.
O mais incrível é que naquele terror, julgamos ser o Rambo e que vencemos todos os mauzões. Aqueles de calções e suspensórios, fatinho de macaco cor de rosa, que se chamam Bernardo ou Vanderlei, Constança ou Cárina de acordo com o pseudoestrato donde provêm. É triste vermos um homenzarrão na flor da sua potência sexual perdido nos meandros da " Rua das Caravelas " ou das "Caraíbas".
Engraçados são os casalinhos de namorados que infelizmente ainda não descobriram os prazeres dos motéis ou das residenciais, vãos de escada ou jardins escondidos e ainda não têm carta quanto mais um automóvel com bancos reclináveis. E portanto, namoram nas praças centrais e corredores como se "aquilo fosse tudo deles!". È mãos, pés, línguas, bocas, numa fusão de carne adolescente ( não que eu me ponha a olhar...). Por este andar qualquer dia existirão centros comerciais, só para maiores de 18 anos, ou com bolinha no canto superior direito.
Para terminar, há também que referir que a perspectiva do sexo feminino sobre este assunto varia um pouco. Para as mulheres toda esta gente é um mal necessário. Porquê? Porque, enquanto para um homem, se lhe fosse dada a oportunidade de poder fazer as suas compras num centro comercial totalmente deserto, não haveria problema (excepto para aqueles que usam a desculpa das compras para ir ver as "miúdas"). Para as mulheres, todas as outras funcionam como meios de comparação. Servem para auxiliá-las nas suas compras. Por exemplo, se o objectivo é comprar umas botas de cano alto, a primeira coisa a fazer não é experimentar um par mas sim, observar todas mulheres num raio de 75 metros que já as trazem calçadas porque já as compraram. E daí retiram mentalmente a sua decisão: "- Olha- me p´ aquela! Gorda que nem tudo, com umas pernas arqueadas e joelhos p´ a dentro. Se as botas a ela até nem ficam mal, imagina em mim como vão ficar, que até sou bem feitinha." Ou ao contrário: "-Olha-me p´ aquela! Parece uma modelo, é bem gira...cabra. Deixa ver o quê que ela tem no carrinho de compras. Só podia ser, tudo light, de água e sal, integral. Deves passar fome." E funciona mais ou menos assim p´ a tudo. Primeiro observam a presa. Depois o ambiente. E por fim decidem se atacam ou não.
Concluíndo, evitem centros comerciais, especialmente aos fins de semana e feriados mas se tiver de ser, boa sorte... FA