terça-feira, agosto 05, 2003

Cães? Só cachorros quentes!

Neste último sábado desloquei-me a casa de uns amigos perto de Santarém que já há mais de um ano me convidavam para ir ver o cão que haviam comprado. Após algumas 10 recusas tive que ir. Como odeio cães e também não gosto muito deles ia um bocado de pé atrás. Foi pior do que pensei.

Assim que lá cheguei o cão atirou-se às portas do carro, fazendo-me dois riscos enormes e quase metendo a lata para dentro.
"Sossega bisnaga!" - disse o dono com o tom de voz larilas que lhe é característico. Fiz tensões de fazer uma festinha ao animal (que digo desde já que era horripilento e mal-cheiroso) mas o sacana do cão era um desconfiado e quando lhe pus a mão em cima ele Zás: Abocanha-me logo os dedos.
"Aquilo é só na brincadeira", diz-me o dono. "Fo#@!, que brincadeira tão estúpida!", pensei eu para com os meus botões.

Lá fomos almoçar e até comecei a ficar mais animado quando eles se lembram de mostrar os truques que o estupor do cão sabia fazer.
"Rebola", e o gajo nada. "Senta", nada! "Deita" e o cão nem se mexia. "Ah",diz-me a minha amiga muito admirada, "não percebo o que se passa hoje com ele..."
"Eu sei o que é", disse cá para mim, "o cão é burro que nem uma porta!".
"Manda-lhe o peluche para ele brincar", diz ela. O meu amigo atira um peluche ( já todo rebentado ) pelo ar e o cão atira-se a ele desfazendo-o em mil pedaços. "O sacana gosta é disto!!", diz-me o meu amigo, "Ainda o levo para a caça um dia destes!!".
Eu até não me importava de o levar...Mandava-lhe logo um tiro.
O que mais me irritava era a cara deles a olhar para o cão, com um sorriso estúpido na cara como se fosse a coisa mais querida e simpática. O cão olhava-os com os olhos raiados de sangue e eles nem percebiam.
Chegou a altura de me ir embora (que foi praticamente a seguir ao almoço) e viram-se eles: "Olha que ele agora vai a correr atrás do carro!"
"Ai vais?", pensei eu, "Então espera aí que já te lixo". Meti-me no carro, disse adeus e arranquei. "Acelera que ele desiste", disseram eles.
Saí pela estrada fora, olho para o retrovisor e lá vinha ele sempre a correr. Fui numa marcha razoável para que o cão não deixasse de ver o carro e não desisitisse. Esta foi a parte divertida da tarde. Passados 30 km, fartei-me da brincadeira e arranquei. A última vez que olhei pelo retrovisor o gajo estava com um ar mais dócil e espumava parecia um cavalo.
À noite recebi um telefonema dos meus amigos que não percebiam porque é que o cão não se aguentava nas patas. "Levantamo-lo e ele cai, só consegue estar deitado...".
"Isso foi qualquer coisa que ele comeu", disse eu.
Só sei que tão cedo os meus amigos não me vão convidar, e eu ralado...!! ST