quarta-feira, janeiro 21, 2004

Ode à estupidez

Há várias coisas que eu não suporto. Mas vou deixar a generalidade dos jornalistas em paz e solicitar ao pobre leitor - pobre porque se tivesse dinheiro comprava um livrito e escusava de estar a ler isto - que reflicta num dos mais graves problemas que enfrentamos diariamente, a par da fraca consistência das bolachas integrais e da ausência de "bombocas" dos supermercados nacionais.
Falo, como certamente já se aperceberam, daqueles carros que não precisam de carta de condução para pedalar. Perdão, guiar.
Esses carrinhos, fabricados com certeza pela MatchBox, têm matrícula de mota e - mistério insondável - não precisam de todas as merdas burocrático-legais que precisam os carros comuns.
O que é de génio! Pensaram eles: "Vamos dar viaturas que não precisem de carta de condução, inspecção e quiçá seguro, a cidadãos idosos, que tenham pouco ou nada a perder nesta vida que se esvai perante eles mais rápido que a carteira do Valentim Loureiro ao pé de um árbitro. E já que eles não pagam o mesmo imposto automóvel (e aqui compreende-se, já que aquilo se insere mais na categoria de brinquedo dos 4 aos 12 anos do que na categoria de automóvel) também os façamos andar devagar, pois seria injusto que atingissem as velocidades dos carros normais. E os condutores destes que se vinguem, gozando com esses lentos quando forem atrás deles nas estradas. Vão ter bastante tempo para o fazer."
No fundo, começo até a admitir que o plano era astuto. Só faltou mesmo juntar umas plaquinhas de estradas da Lego para eles andarem com os carrinhos.
Existe, todavia, uma solução para melhor tolerarmos estes carros ridículos: se eles forem de uso obrigatório para quem tiver um (1) acessório de tuning no carro. Quem fosse apanhado a comprar ou usar essas peças macho-patéticas, seria condenado a conduzir um carro de brincar para o resto da vida. Mas qual revisão constitucional: Decreto-Lei, já!
FR