Tão pouco me agradam outras cenas

Os jornalistas não largam a Maria José Morgado desde que lhe foi entregue o processo Apito Dourado: "A procuradora entrou no tribunal por volta das nove horas, esteve reunida com o procurador-adjunto e saiu para almoçar pela porta lateral do edifício, num carro particular, tendo regressado às duas e meia. Sabe-se que esteve a estudar documentos fornecidos pela Judiciária que incriminam blá blá blá...".

É minha convicção que é fodido ter o nosso dia escarrapachado nos jornais. Eu pelo menos não gostaria nada que aparecesse o meu quotidiano nas notícias: "chegou tarde e a más horas, tem estado a ver e-mails a manhã toda, já bebeu três cafés, bateu o record do Tetris ao meio-dia, saiu para ir ao Multibanco pagar a conta do telefone, tem uma reunião às três mas em princípio vai-se baldar porque não preparou nada e esteve à procura de um processo durante vinte minutos, dando-o por perdido a favor do autocarro n.º 57 da Carris. Logo sai às quatro e meia para ir à consulta no dermatologista porque lhe apareceram umas manchinhas nas costas, mas já nem volta porque normalmente a partir das seis já não rende nada".

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