É que já nem como. Tanto.

De há uns anos para cá, começaram a aparecer uns Pais Natais pendurados nos edifícios. Este tipo de mariquice serve habitualmente para divertir a pequenada. Mas neste caso, creio que se está a passar a mensagem errada.
Em primeiro lugar, o Pai Natal não é do tamanho de uma ratazana. Que um duende tenha aquela constituição física, ainda posso aceitar, agora um Pai Natal é chicória inadmissível.
Depois, o Pai Natal, tal como eu o conheço, nunca andou armado em Homem Aranha ou em João Garcia, a escalar prédios de apartamentos. Geralmente, e isto é senso comum, o Pai Natal conduz um trenó com renas voadoras. O que é que isto tem de complicado? Para quê fantasiar que a coisa funciona de outra maneira? Será que a alimentação das renas também está cara, acompanhando o índice de Brent utilizado nos mercados petrolíferos? Será que a DGV não renovou a carta ao Pai Natal por razões médicas? Estará o estigmatismo do homem mais grave? Se sim, está mais grave porque a caligrafia da criançada está cada vez pior porque já não se usam cadernos de duas linhas? E o mercado de cadernos de duas linhas, também se ressentirá?
Em décimo sétimo lugar, é piroso pendurar Pais Natais.
Em décimo oitavo lugar, e mesmo que o Pai Natal deixasse de usar o trenó e a chaminé, optando por se tornar alpinista, faz algum sentido que o faça com mês e meio de antecedência? Não lhe doem os braços? E o saco das prendas, onde está? E será a questão da chaminé relevante? Aquelas campânulas com exaustor da moda, que ornamentam tanta cozinha, serão fáceis de transpor? E os recuperadores de calor, não dificultarão a descida do Pai Natal?
Estou francamente baralhado, exasperado mesmo, com esta trapalhada toda.
FR