segunda-feira, fevereiro 23, 2004

Roqueocracia - Um estudo

O sistema

Acho que chegou a altura do sistema democrático, tal como o conhecemos, terminar. Ou desenvolver-se, vá. Ou mudar um bocadinho. Só um bocadinho. O melhor é explicar:
Cada boletim de voto deveria conter um espaço para o número de contribuinte. Quem votasse no partido vencedor, arcaria (excelente vocábulo) com as consequências e pagaria um excesso de 50% em todos os impostos. Estava lá quem queria, pagava cara a realização do seu desejo.
Por outro lado, quem votasse no segundo partido mais votado, pagaria as normais taxas de imposto. Quem votasse num partido mais pequeno, mas ainda com assento parlamentar (mesmo que só um banquinho na última fila), veria as suas contribuições reduzidas em 25%. Por fim, quem votasse num partido que não conseguisse qualquer representação parlamentar, teria as taxas de imposto reduzidas em 50%.

As consequências

Em que resultariam estas eleições? - pergunta o leitor, embasbacado com a genialidade, e quiçá majestosa estupidez, dos preceitos básicos do sistema em análise.
Penso que - e ainda não encontrei nenhum país onde pudesse pôr em prática a teoria (mas já pus anúncios no Ocasião e no Correio da Manhã) - os partidos habitualmente mais votados continuariam a sê-lo. Por uma simples razão: os eleitores não perceberiam este sistema. E outra razão, não tão simples: se quem vota naqueles tipos, já o faz deliberadamente, não seria o aumento dos seus impostos que os levaria a não votar.
Os partidos mais pequenos teriam alguma representação, já que teriam mais cidadãos a votar neles, na esperança de serem pouco votados (não é erro) e assim conseguirem um desconto. Como os votos ficariam imensamente dispersos, dificilmente conseguiriam ter lugar na assembleia e os felizardos eleitores livrar-se-iam de metade dos impostos. Aliás, seria muito interessante ver uma série de pessoas na rua a festejar a derrota do partido em que votaram - estariam esfuziantes (outra excelente palavra) em frente a uma varanda vazia.

A conclusão

Ah, isso já não sei bem! Acho que os partidos acabariam por desaparecer (muito bom), já que seria difícil fazer campanha (bom). E depois, já que tinha tido a ideia, chamavam-me para gerir esta choça (excelente). A partir daí estávamos - eu sei que estava - num sistema perfeito.
Outra conclusão a retirar deste estudo, é que eu não emprego muito bem os meus poucos tempos livres.
FR