Er'á continha, fáxavôr
A única certeza é que têm natas. A partir daí é uma lotaria: uns são de consistência mole, outros têm chocolate, outros ainda têm leite condensado, ninguém se entende, nem ninguém põe ordem nesta doce anarquia com que nos deparamos diariamente.
Depois, quando constam das ementas (gosto muito daquelas capas de plástico das ementas, não se vêem em mais lado nenhum), seguem-se sempre as perguntinhas: "Como é que é o Doce d'Avó? E o Doce da Casa, é caseiro?"
Por isso, a partir de hoje, data em que culminou o meu aprofundado estudo sobre doçaria cretina portuguesa, passarei a pedir estas sobremesas e a indignar-me de seguida: "Olhe desculpe, mas o doce da minha avó não é assim! Não foi isto que pedi! Ela põe canela!"
Mas embora exista esta patética imagem da nossa doçaria tradicional, outra me causará mais espécie: quando aparecer a directivazinha europeia a uniformizar as receitas, não só destas sobremesas, mas também do tão nosso bitoque. É que parece que já há estudos que desaconselham a colocação do ovo em cima do bife.
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