Cachimbo da paz
Agora vamos supor que vou a um bar ou a um restaurante. Por entre um whisky ou no final da refeição, peço um copo de água. Despejo-o em cima de mim com algum aparato. Chão molhado, demais clientes salpicados. "O senhor viu o que fez! Mas o que é esta merda! Este gajo é maluco! E agora quem é que limpa isto?!" Com sorte deixavam-me acabar a bebida. Enfim, para satisfazer a necessidade premente de me sentir melhor, incomodei os outros. Se calhar algum deles até se constipou... ou uma pobre velhota escorregou na água que ficou no chão, provocando um belíssimo traumatismo craniano. E alguém vomitou ao ver aquele sangue todo.
Parece-me evidente que procedi mal e não o devo repetir. Devia ser proibido deitar copos de água na cabeça, quando num sítio público.
Agora imaginemos que em vez de ter este vício, tenho o do tabaco.
Será que apanhar com fumo é melhor do que apanhar com água? Será que limpar a água do chão é mais repugnante que limpar cinza, ou lavar um cinzeiro?
Este texto começou, não no título, mas quando li o post do Hugo ("Proibido fumar. Proibido existir.", datado de hoje). Porque, e embora repudie "uma civilização onde ninguém fosse proprietário do seu próprio corpo", acho que há restrições que fazem sentido. Devemos ser, em suma, moderados, mesmo perante a estupidez alheia de quem quer proibir demais ou de quem quer permitir demais. Não quero "cidades brancas", antes quero-as cinzentas. E não quero com isto dizer que deveria ser proibido fumar em bares ou restaurantes. Até porque com certeza que nesse caso deixaria de estar com alguns amigos meus (que se calhar agradeceriam, certo Filipe e Miguel?). Mas proibir proibições e deixar que terceiros me criem um cenário negro? Nããããããã...
FR
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