sexta-feira, agosto 08, 2003

Coisas que não se entendem...

PORQUÊ que quando fazem entrevistas para a televisão, de um grupo de pessoas, escolhem logo o que aparenta ser o mais alienado e estúpido. Depois não se admirem com as respostas do tipo: "O que é que acha da "performance" da moeda única? "- Isto é assim, acho bem..., mas o problema não 'tá aí, quem usa é que deve saber e quem deve saber ensinar é o Governo que foi eleito pela gente e a gente é que manda e por isso é que houve o 25 de Abril...prontos, é isso". Ou: "Qual é a sua opinião sobre o Saddam?" -"Acho que é um bom jogador mas devia ter ficado no Manchester porque não faz falta ao Real...
Geralmente à volta dessa pessoa está um grupo de populares a assistir à entrevista que se divide em três variantes. Da 1ª, fazem parte aqueles que olham directamente para a câmara a rir faltando-lhes pouco para gritar: - Mamã , 'tou aqui!!!. Quando novos divertem-se a fazer corninhos ao entrevistado ou a minha preferida, desatam a ligar do telemóvel para os amigos a dizer: "- Armando, liga a televisão que eu tou no canal 1 !!". À 2.ª, pertencem aqueles que seguem a entrevista com muito interesse como se percebessem do assunto. Têm sempre aquele ar de introspectiva como se estivessem a ponderar seriamente sobre o tema abordado e esperam assim que o jornalista se lhes dirija a seguir por demonstrarem aquele ar sábio. Por fim a 3.ª,onde estão aqueles com ar muito desinteressado do tipo "Eu já 'tava aqui antes desta gente se juntar, não tenho nada a ver com isto, tenho mais que faça à minha vida...". E por isso ficam, porque lá estavam primeiro.
Depois temos do outro lado, os jornalistas que se dividem em 3 grupos: Os Distantes e Objectivos: como deve ser, estão ali só para a reportagem e nada mais. Os Emocionais e Sentidos: que se mostram demasiado afectados pelo acontecimento. E os Carniceiros e Brejeiros: uns verdadeiros cães de caça.
Passo a esclarecer, num caso de acidente automóvel sem vítimas mortais entre dois veículos ligeiros, as perguntas seriam feitas de formas muito diferentes:
Jornalista Distante- "Como ocorreu o acidente, existem vítimas mortais, feridos ligeiros ou graves?".
Jornalista Emocional- "Ai Jesus, e está tudo bem, se calhar até podia fazer qualquer coisinha...talvez... não sei...".
Jornalista Carniceiro- E morreu alguém, mas via-se sangue, as vítimas ficaram mutiladas, quantas pernas foram decepadas, foi necessário tapar os corpos, o velório vai ter ser num caixão fechado?
Em conclusão, não acabem com as entrevistas, acabem sim com alguns entrevistados e alguns entrevistadores. FA