quinta-feira, janeiro 29, 2009

A marca

Em clara e propositada violação do disposto na notificação do post anterior, que por mais tentativas que façamos não conseguimos apagar, até porque se conseguíssemos apagar alguma coisa deste blog nem começaríamos pelo Edital que está muito bem escritinho, mas sim por qualquer outro texto senão mesmo pela foto do Santana Lopes que valha-me nossa senhora se não é das coisas mais feias que já se puseram na net, trago-lhes hoje uma teoria.
É ela: se gostas tanto de uma pessoa ou de um provérbio, porque é que tatuas o nome ou a frase ou lá o que é isso que saiu da tua lastimosa imaginação inferior à de uma anta paleolítica [citation needed], em chinês, em hebreu ou em aramaico?
“Tatuei no braço esta frase do Confúcio em caracteres mandarins porque ela representa para mim o sentido da vida!”
Pois, grande sentido que a vida tem para ti que nem se percebe nada do que está aí escrito. Podia estar aí tatuada a prescrição médica dos remédios para a vista do Confúcio que também dava uns caracteres bem giros, não era?
E os nomes das criancinhas ou da namorada?
“A minha filha chama-se Íris por causa do Arco-íris e quis tatuar o nome dela em Maori, para que a menina saiba que eu nunca me esquecerei dela.”
É de facto um aborrecimento quando nos esquecemos dos filhos, não é? O que é feito da foto na carteira, daquelas de fotógrafo com o picotado à volta, com as cores debotadas? Será de facto útil, enquanto num autocarro e depois de se encontrar aquele amigo que não se via há dez anos, ficar em tronco nu e pedir ao gajo para ler o que diz nas próprias costas para que nos lembremos do nome do pirralho?
“Ah é a casa com um traço diagonal e umas ondinhas em cima, espera que eu vejo aqui no dicionário cantonês arcaico – português como é que se chama o meu mai novo.”
Para mais, relembro que a Íris, que não vê a hora de fazer dezoito anos e mudar o nome para qualquer coisa de extravagante, como Maria, porque anda farta de ouvir a mesma piada cada vez que se embebeda e dizem que ela está muito branca e alguém completa dizendo que agora tem oito cores, a Íris, escrevia eu, quer é esquecer que tem uma mãe imbecil que tem tanto jeito para escolher nomes como para pesquisar na net como é que se diz Íris em Maori e que por isso mandou escrever na nuca, a título permanente e pagando para o efeito, “sanita” em Moldavo.
Estas tatuagens têm, no entanto, o condão de referenciar cidadãos idiotas com débil capacidade decisória no que ao bom gosto concerne: quais judeus obrigados a envergar a estrela de David, estes imbecis ostentam no corpo – voluntariamente - a marca indefectível da estupidez.
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