quarta-feira, dezembro 24, 2003

As prendas, as prendas, mas ninguém sabe nada do homem

Nascido no ido ano da graça de 1913 sob o nome de Nicolau, Pai Natal cresceu nas belas planícies da Lapónia. Garoto irrequieto, cedo se reconheceu nele o talento para liderar e coordenar recursos e meios técnicos.

Indeciso sobre uma carreira de médico dentista e docente na universidade local ou Pai Natal, foi nesta última que se realizou, o que até se explica pelo terrível incidente ocorrido no laboratório universitário. Episódio de triste memória, do qual importa apenas salientar a necessidade do Pai Natal ainda hoje usar barba e barrete.

Homem exigente, de ideias fixas, meticulosamente organizado, mas sempre amigo do seu amigo, Pai Natal vive desde 1937* em união de facto com Mãe Natal, para choque de seus pais. Sua mãe, senhora doente e entretanto falecida, diria sobre o estado matrimonial do seu único filho: "a dar-me netos, que seja com as renas, que daquela porca eu não quero é nada...".

A exercer funções desde 1954, Pai Natal tem como principais interesses a filatelia - já que recebe milhões de cartas anualmente - e o judo. Aliás, faz questão em usar o cinturão negro mesmo em dias de trabalho. Ultimamente, destaque-se o gamão.

No desempenho profissional contam-se 59 natais, tendo apenas falhado o de 1983, em virtude de uma pneumonia. "Trenó em tronco nu, bêbado ou não, nunca mais!", diria o PaiNa - nome carinhoso pelo qual é conhecido na freguesia - após a demorada convalescença.

Para o futuro, e como confidenciou ao Montra, "quero é saúde para ir dando umas prenditas à pequenada e passear por aí... trabalhei muito para substituir o Menino Jesus para agora vir aí um tipo qualquer mais os DHL's e as encomendas on-line, que me leve o ganha-pão... o resto são merdas, pá, o resto é conversa...". E acrescentou: "isto o Sol quando nasce não é para todos... ainda para mais quando se vive na Lapónia...".

* Embora tenha estado separado entre os anos de 1972 e 1976, residindo durante esse período em Munique e Málaga.
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