Sair do provador

Filho – Mãe, pai, tenho uma coisa para vos dizer…
Mãe – Diz lá meu filho.
Pai – Ai ai ai…
Filho – Não comeces já, pai. Isto não é fácil.
Mãe – Calma filho, já sabes que nós te apoiamos sempre. Não tenhas medo.
Filho – Não é medo, mas é que isto devia ser uma coisa secreta, que ninguém devia saber, só que cada vez mais fala-se nisso e qualquer dia vocês descobrem. E eu quero que oiçam por mim.
Pai – Vá, diz lá de uma vez por todas.
Mãe – Não pressiones o miúdo!
Filho – Então é assim: eu gosto de me encontrar à noite com pessoas um pouco diferentes. Mas não fazemos nada de mal. Encontramo-nos em sítios secretos, alguns de nós até são pessoas conhecidas e…
Pai – Eu disse-te que aquelas conversas ao pé deste miúdo iam dar nisto. A culpa é tua, sempre a bisbilhotar, a conspirar com as vizinhas, todas de avental, parecem umas tontas. E o miúdo e ouvir tudo e a ver as vossas figuras!
Mãe – Ai cala-te homem!
Filho – Sim pai, eu gostar de outras coisas não tem nada a ver com a mãe!
Mãe – Pronto filho, ficamos por aqui, não te apoquentes mais. Nós gostamos de ti de qualquer maneira. O teu pai tem preconceitos, mas há-de mudar.
Filho – Mas eu quero que ouçam por mim! Eu quero dizer a palavra!
Pai – Então diz lá! De uma vez por todas!
Mãe – Não o arrelies ainda mais! Pronto filho, diz lá e depois vamos jantar e esquecemos isto tudo.
Pai – O miúdo nem tem coragem…
Filho – Tenho sim pai! Tenho sim! Eu sou maçon! Com muito orgulho, sou maçon!
Mãe – Credo, és quê?
Pai – Epá… bolas… antes maricas.

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