quinta-feira, outubro 26, 2006

Pequeno Petiz

No último fim-de-semana fui a casa de uns velhos amigos que embora já não tenham o cão (parece que o animal deu uma dentada num senhor e teve que ser abatido, tarefa para a qual me ofereci prontamente) têm o seu pequeno petiz de nome Alberto de cinco anos e que substituiu o canino em termos de truques circenses.
Por razões que desconheço, associo sempre o nome “Alberto” à figura de um gigante encorpado e brutamontes, mas será injusta a associação tendo em conta que o pequeno é, segundo os pais, uma “criança adorável e cheia de truques” ( agora que me lembro, a associação do nome talvez tenha sido por causa de um tal de Alberto de 2 metros que me quis partir o nariz uma vez no trânsito… É por isso quase de certezinha!)
Enfim, o casal meu amigo é muito vaidoso e não poupa elogios ao filho, valorizando e reforçando toda a merda que o pequeno faz.

Pois bem, mostraram-me o primeiro desenho do pequeno Alberto; um aglomerado de gatafunhos a azul e preto desenhados numa página amarrotada que até dizia “Chico” em vários sítios, não por ter sido escrito pelo petiz numa crise de identidade mas porque o pequeno Alberto a pisou vezes sem conta com os seus pequenos sapatos empoeirados.
Mas falo de um desenho feito por uma criança que tentou rabiscar a folha com a caneta virada para cima, naturalmente não se pode esperar muito.

O pequeno Alberto até é engraçado, e ainda me ri algumas vezes com o puto, mas a vontade de rir passou quando os pais me disseram que o tinham posto a aprender piano e o sentaram à frente dum móvel cheio de teclas pretas e brancas que fizeram raiar de sangue os olhos do pequeno.
“Pim, Pim, Pim!”, era com cada martelada no piano que até dava pena! Os pais chamavam-lhe a atenção para usar todos os dedos, um de cada vez, mas ele usava-os todos num punho fechado e “Pim!” no piano. Uma das teclas saltou, dando duas voltas no ar.
“Esta, já estava estragada!” – disse-me o pai. “Se não estava, ficou agora…”, disse cá para mim.
“Ele quando está com outras pessoas, faz-se de engraçado, porque na verdade até já sabe umas coisas” – desculpou-se a mãe.
“Sim, sim, o pequeno Alberto é um artista do caraças”, pensei eu…

O resto da tarde até foi passando agradavelmente, embora já não tenha sido a mesma coisa pois ficou a doer-me um bocado a cabeça. O pequeno Alberto depois da sessão musical (semelhante a uma tarde numa serralharia) pôs-se a rebentar os rodapés da casa com um carro a pedais, coisa que me foi distraindo…
E claro, a conversa dificilmente era outra que não as peripécias da criança na escola.
“Ele é um pouco irrequieto, mas tem-se portado bem!”, dizia-me a mãe. Na verdade eu sabia por intermédio de outros que o Albertinho tinha partido duas janelas com uma cadeira e que já duas crianças tinham mudado de escola por causa dele.
“É um bocadinho hiperactivo, talvez…”, aligeirava o pai. “Hiper-brutinho, isso sim”, pensei eu.
Enfim, para o ano volto lá outra vez pois não tenho outro remédio. É quase certo que piano já não vai existir…ST

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Gosto do Alberto. É susceptível. Vem a meus braços.

quinta-feira, outubro 26, 2006 10:13:00 da manhã  

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